XVII Feira de Cultura Kaimbé busca manter viva a tradição e herança indígena

Segundo Cirila Kaimbé, coordenadora do evento, a feira, ao longo dos anos, ajudou a projetar a história do povo Kaimbé na Bahia e no Brasil. Os dois dias de programação começam às 06h da manhã e só encerram à noite, com bastante atividades.
Este ano, por conta da pandemia, o evento foi restrito ao povo Kaimbé e os Kiriris. Foto: Josevaldo Campos/RF

Alvorada, toré, desfile, exposição de artesanatos, jogos indígenas, rodas de conversa, lives, apresentações culturais, danças, encontro de bandas de pífano e muitos outros atrativos. Tudo isso é o que pode ser conferido e vivenciado na XVII Feira de Cultura Kaimbé, que acontece nos dias 06 e 07 de dezembro na comunidade indígena do Massacará, em Euclides da Cunha.

A programação inicia sempre com a alvorada pé de sino, na Igreja da Santíssima Trindade, construção de 1614. Foto: Josevaldo Campos/RF

Este ano, em função da pandemia, o evento está restrito à participação dos povos indígenas da casa, os Kaimbés, e os visitantes Kiriris, vindos da Mirandela, em Banzaê, e que estão abrilhantando a feira com a rica exposição de artesanatos.

Muita coisa pra se ver nos estandes. O principal é os artesanatos dos índios Kiriris. Foto: Josevaldo Campos/RF

A feira tem uma importância cultural para a comunidade, mas também representa a história de resistência do povo indígena. “Nós sempre buscamos dar uma ênfase nas questões culturais do nosso povo, frisando sempre algo que os nossos antepassados desenvolveram, tentando resgatar, valorizar e manter viva essa cultura para o nosso povo, para o povo Kaimbé e para os demais que nos visitam. Isso para nós é de grande importância”, explica Ivanilton Kaimbé, morador do Massacará e envolvido na organização.

Desfile homenageou os idosos do Massacará e os povos indígenas da Bahia e Pernambuco. Foto: Grazy Oliveira/MUPOIBA

O tema escolhido para esta 17ª edição do evento foi Povo Kaimbé e Saberes Tradicionais. Cirila Kaimbé, coordenadora da Feira, chama a atenção para a realização de um desfile muito importante e marcante e que homenageou os anciães (idosos) da comunidade, os povos indígenas da Bahia e de Pernambuco, estado que já marcou presença na feira com os povos Pankararus.

Estandes com artesanatos ficaram por conta dos índios Kiriris, que vieram da Mirandela, município de Banzaê. Foto: Josevaldo Campos/RF

Segundo Cirila, a feira, ao longo dos anos, ajudou a projetar a história do povo Kaimbé na Bahia e no Brasil. “É um momento muito rico e importante para o povo Kaimbé, um momento de partilha, de troca, de interação entre os Kaimbés e os povos que nos visitam, e que faz parte desta festa com a gente”, explica.

Jogos indígenas são um ponto forte dentro da programação da feira. Foto: Grazy Oliveira/MUPOIBA

A programação começou cedo nos dois dias, às 06h da manhã, com a alvorada pé de sino, realizada na Igreja da Santíssima Trindade, construída em 1614. A partir daí, as manifestações vão até a noite. Na segunda-feira (06/12), o evento contou com a presença do secretário estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Carlos Martins, do prefeito Luciano Pinheiro, vice-prefeito Rubenilson Campos, os quais estavam acompanhados do vereador, morador e idealizador da feira, o Cacique Flávio.

Toré, dança indígena, um dos momentos mais aguardados da programação. Foto: Grazy Oliveira/MUPOIBA

07 de dezembro de 1999 – Antigamente, a Feira de Cultura Kaimbé era realizada no mês de setembro. Com as condições impostas pela pandemia do coronavírus, e para celebrar uma data marcante para o povo Kaimbé, a organização decidiu mudar a data do evento. Há exatos 22 anos, em 07 de dezembro de 1999, foi iniciado o processo de desintrusão das terras indígenas da comunidade. Todas as pessoas não indígenas foram convidadas a se retirar e indenizadas pelo Estado.

Cirila Kaimbé e Ivanilton Kaimbé, da organização da feira.
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