Em Monte Santo, “terra mãe que alimenta a todos”, como propõe o slogan da gestão municipal, muitas pessoas têm passado por sérias dificuldades. Dentre elas está a multiartista monte-santense Maria Socorro de Jesus Cabral, uma das mais ilustres do município, demitida recentemente pela prefeitura.
Ela está em Salvador, a convite do Tribunal de Justiça da Bahia, expondo seus quadros e elevando o nome de sua terra natal, mas a chegada até o salão do órgão foi dolorosa e a permanência na capital até o dia 11 de outubro ainda é incerta, diante das inúmeras dificuldades enfrentadas e falta de apoio. “Estar aqui em Salvador, o custo é muito alto e eu não tenho condições. Estou desempregada, preciso de patrocínio. Eu não estou sendo tão valorizada na minha terra como deveria. Sou a única mulher que até hoje tenho levado o nome de Monte Santo, Bahia, para bem longe, que tenho representado muito bem a minha terra”, lamenta a artista em vídeo publicado na internet.
Mulher, a prefeita de Monte Santo, Silvania Matos, ainda não se pronunciou sobre o assunto. No mesmo instante em que Socorro Cabral publicava sua súplica, a gestora anunciava mais uma atração para a Festa de Todos os Santos, através de um vídeo que expõe um garoto deitado ao chão, na porta da prefeitura, “à espera de migalhas” (no caso, novas bandas), uma espécie de versão sertaneja da Roma Antiga, pão e circo.
Tarcísio do Acordeon, artista cearense anunciado pela prefeita e o garoto no vídeo, levará R$280 mil dos cofres públicos. Esse é o número que separa duas realidades bem distintas: a do cantor e compositor e a de Socorro Cabral, a multiartista monte-santense.
O sergipano Nadson o Ferinha, outra atração confirmada para a festa, levará R$200 mil, conforme publicação no Diário Oficial do município, onde também identificamos, em uma rápida análise, diversos outros contratos celebrados com bandas regionais. A cidade é uma festa só! “Isso para mim é doloroso. Demorei mais de 20 anos para chegar até aonde eu cheguei, e hoje, quando eu chego, não quero ser desrespeitada na minha própria terra, eu quero ser respeitada”, afirma Socorro.
Para conseguir se deslocar até Salvador e expor o seu trabalho, Socorro teve que bater de porta em porta no comércio, assim que soube, três dias antes da viagem, que a prefeitura não mais a ajudaria. “É com orgulho que levo Monte Santo no peito. Hoje há vários estados brasileiros me chamando, mas eu não posso ir por falta de patrocínio, de contribuição”, diz a artista expondo uma solicitação de apoio para o transporte protocolada junto à gestão municipal, sem sucesso.
No decreto que exonerou dezenas de funcionários, incluindo Maria Socorro de Jesus Cabral, a justificativa é de “contenção e controle de gastos”. No salão do TJ, ao apresentar uma de suas obras, “retirantes do sol”, uma metáfora perfeita para o que ela tem enfrentado no momento, a artista desabafa. “Eu trago um nordestino, que muitas vezes tem que sair da sua terra por falta de emprego, por falta de respeito e por falta de compreensão e de dedicação a um artista que vem tão se destacando fora da cidade”, relata.
Quem desejar ajudar a artista a custear as despesas durante a permanência dela em Salvador, segue:
Pix CPF: 004.142.015-23 (Maria Socorro Cabral)
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