Ao que tudo indica, a saúde do município de Macururé, a 155 quilômetros de Euclides da Cunha, não vai nada bem. Profissionais e pacientes têm feito denúncias graves de irregularidades em contratação, problemas nas estruturas físicas das unidades, falta de medicamentos e perseguição a servidores.
Segundo a médica Jaqueline Lipurini, que até pouco tempo atuava no município, após a saída de um profissional, a Secretaria de Saúde pediu que ela ocupasse o plantão noturno em aberto até um novo médico ser contratado, e propuseram pagar a ela apenas um valor equivalente a 12 horas, sendo que ela trabalharia por até 15 horas.
Após negociação e garantia de pagamento integral pelas horas trabalhadas, Jaqueline concordou em assumir o plantão até que a situação fosse normalizada. A surpresa, segundo ela, veio no dia do pagamento: um aviso de demissão. “O motivo seria ‘o município está buscando profissionais que se adequem ao horário e ao pagamento’. Ou seja, alguém que trabalhe mais de 12 horas, mas que aceite receber meio plantão”, denunciou a médica.
Jaqueline classificou como “exploração” a situação imposta pela Prefeitura de Macururé aos profissionais de saúde. “A desvalorização do trabalhador é real e a prova é essa. Imagino o que o enfermeiro e técnico de enfermagem não passam nesse cenário”, disse.
Quem também denunciou o descaso da gestão do município, que tem o prefeito Berg de Josias à frente, foi o médico Darlan Alves. Ele publicou nas redes sociais uma mensagem de despedida em forma de protesto e desabafo. “Hoje venho me despedir do município de Macururé, cidade onde tenho muito carinho à população e onde fui muito bem recebido, infelizmente devido incompatibilidade com a gestão de saúde, que possui uma gestora autoritária, que não aceita críticas ou ser contrariada”, postou.
A gestora em questão é a secretária municipal de Saúde, Larissa Gomes, irmã do prefeito. Nós tentamos contato até a publicação dessa matéria para que ela comentasse as denúncias, mas não obtivemos resposta. Os telefones fixos da prefeitura e secretaria também não funcionam.
O médico Darlan Alves também expôs graves problemas na estrutura de saúde do município, falta de medicamentos e perseguição a profissionais. “Deixo o município preocupado com a saúde pública da população, unidades de saúde com estruturas precárias, falta de medicamentos e unidade de emergência sem suporte adequado para os atendimentos. Me preocupo também com os colegas que sofrem com perseguição e pressão psicológica por parte da gestão”.
Chama a atenção também o relato de uma paciente sobre uma situação preocupante vivida por ela. “Eu fui vítima, pois a opção que me deram foi vir de Salvador com três dias de operada dentro de uma ambulância jogada igual um porco. Ninguém tem noção do que eu passei e ainda cheguei no hospital, fiquei de uma hora da manhã até amanhecer o dia, mais em pé do que sentada, porque não podia sentar. Pra minha infelicidade, peguei infecção na cirurgia e graças a esse profissional, hoje estou ótima. Então, a secretária de Saúde é culpada, sim”, desabafou.
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