Há poucos meses, Jaqueline Gomes não sabia nem pedalar. Em julho de 2021, após a morte do seu cachorro, ela passou por momentos difíceis, incluindo crises de ansiedade, mas um presente do marido deu a essa história um final feliz. “Foi nesse momento que meu marido, meu maior incentivador, me presenteou com uma bike, porém eu nunca tinha andado de bicicleta na vida. Mas aprendi e me apaixonei”, revela.
Pedalar mudou a rotina, a saúde e muitas outras coisas na vida da professora euclidense Jaqueline. Hoje, poucos meses depois de ganhar a bicicleta, ela já pedala entre 23 e 26 quilômetros, quatro vezes por semana. “Pedalar trouxe bem-estar para o meu corpo e mente”.
Jaqueline faz parte de um número crescente de pessoas que aderiram ao ciclismo como forma de melhorar a saúde e interagir socialmente. Retratos e Fatos apurou junto aos principais grupos de ciclismo de Tucano, Euclides da Cunha, Quijingue e Monte Santo e, em alguns casos, como Tucano, o número de novos adeptos mais que dobrou nos últimos três anos. Segundo Gilton Moura, presidente da Associação de Ciclistas da Cidade de Tucano e membro do TukasBike, principal grupo local, o município saiu de 40 associados, em 2019, para mais de 100 até o final de 2021. Nem a pandemia do coronavírus conseguiu barrar a motivação das pessoas com a atividade. Em todo o município, são mais de 400 ciclistas, estima a associação, a maior parte concentrada na sede e no distrito de Caldas do Jorro.
Quem também dobrou o número de associados foi Quijingue. Saltou de 20, em 2019, para 41, em 2021. Se considerar os ciclistas não associados, mas que integram o grupo Quijingue Bike Club, esse número sobe para mais de 100. Em Monte Santo, mesmo a pandemia tendo afastado muita gente das trilhas, o grupo Pedal do Monte estima um crescimento de mais de 200 ciclistas nos últimos três anos, com destaque para o surgimento de pequenos grupos nos povoados, mesma realidade nas demais cidades analisadas.
Com o maior número de associados da região, Euclides da Cunha cresceu, aproximadamente, 11,5% nesse mesmo período. Segundo dados da Associação de Ciclismo Euclides Pedalando (ACEP), em 2019, antes da pandemia, eram pouco mais de 200 membros e hoje são 223 associados, em média. Mas o número de euclidenses que cederam aos encantos e benefícios da “magrela” é muito maior. Jaqueline, a moça da história que abre nossa matéria, por exemplo, não é vinculada a nenhum grupo, mas está na trilha, firme e forte, assim como tantas outras pessoas e grupos. Jakson Moura, ex-presidente da ACEP e dono de loja de bicicletas, estima que haja na cidade mais de 1.000 ciclistas.
Os benefícios de pedalar são inúmeros, e eles estão quilômetros além da simples perda de peso e da melhora do condicionamento físico. Pedalar fortalece a musculatura, auxilia na saúde do coração, reduz o estresse e melhora a respiração, aponta especialistas. E como disse a Jaqueline, proporciona bem-estar, isso sem contar as vantagens da interação social e as boas resenhas que surgem numa pedalada em grupo. É pura diversão!
É comum a quem pedala conhecer muitas histórias de superação. E uma dessas histórias interessantíssimas vem de Tucano. Há seis anos, a nutricionista Juliana Sol Posto foi diagnosticada com condromalácia patelar (amolecimento da cartilagem do osso que fica bem na frente do joelho). “Meu joelho saiu do lugar, literalmente. Foram três cirurgias, quatro parafusos, oito meses de reabilitação, fisioterapia todos os dias. Foram sete meses de atrofia muscular, precisando do outro para caminhar, tomar banho, pegar meu filho no colo, minha perna ficou fina, fiquei sem dobrar o joelho”, lembra.
Em maio de 2021, Juliana começou a pedalar sozinha e depois se enturmou. No início, ela não conseguia pedalar nem um quilômetro, mas persistiu, evoluiu e, em outubro, conseguiu fazer 677 quilômetros de um desafio realizado na cidade, cuja meta era completar 400km. Pedalar ajudou na recuperação dela, principalmente com o fortalecimento da musculatura. “Contar a minha história com o pedal é falar um pouco de superação, passar para as pessoas que não se deve desistir diante de uma primeira dificuldade. O pedal se tornou muito mais que um esporte, mas uma necessidade diária da minha alma. Eu sou apaixonada”, revela ela a Retratos e Fatos.