Kim Fontes: Dependentes virtuais – Escravos da conectividade

A grande questão aqui é refletir: até onde as redes sociais afetam positiva ou negativamente nossa vida? Quando é o momento de nos afastarmos um pouco delas pra fazermos programações reais?
Nesse texto super cheio de provocações reflexivas e delicioso de ler, Kim Fontes leva-nos a pensar sobre a influência que as mídias sociais têm exercido em nossas vidas. Foto: Divulgação

Dia 04 de Outubro ficou marcado como o dia em que as principais redes sociais passaram por um verdadeiro “blackout” de 07 horas. Eu fui/eu tava!

O mundo praticamente parou! A princípio eu e algumas outras pessoas com quem conversei achamos uma boa ideia se afastar alguns minutos das redes sociais, porém, algumas horas depois estávamos todos receosos de quanto tempo esse apagão iria durar. Começou então uma sensação de abstinência das redes logo nas primeiras horas e isso me perturbou um pouco.

Eu sou uma pessoa suspeita em falar desse tema porque eu uso redes sociais diariamente desde o extinto Orkut. São mais de 14 anos em contato direto com uma rede social diariamente.

Elas se tornaram nosso jornal, nosso informativo, nossa vitrine, nosso almoço de domingo com a família, as novas cadeiras nas calçadas dos vizinhos, a nossa companhia em momentos de solitude. E, para além de informativas, eles se transformam em um grande comércio, um conglomerado de lojas virtuais, os chamados e-comercie, cheios de delivery’s e facilidades. Pois é, pouco a pouco se tornaram um órgão nosso fora do corpo e que coordenam nossos comportamentos, nos influenciam, nos fazem companhia, agilizam e facilitam nossas vidas e nossas tarefas.

E quando, de repente, nos vemos sem elas é como se faltasse algo na nossa vida, e, de fato, falta. Eu me senti de volta à década de 90 na terceira hora sem o Instagram e o WhatsApp!

Contudo, assim como tudo na vida, as redes sociais também tem seus contras e têm se mostrado um ambiente hostil, tóxico, e essa energia também começou a fazer parte da nossa vida, do nosso cotidiano. Nos tornamos, com esse comportamento, pessoas mais frias, distantes, insensíveis e, por vezes, superficiais.

A grande questão aqui é refletir: até onde as redes sociais afetam positiva ou negativamente nossa vida? Quando é o momento de nos afastarmos um pouco delas pra fazermos programações reais? Qual a hora de desconectarmos pra fazer uma higiene mental? Qual o limite de tempo apropriado pra estarmos on-line ? Você já parou pra pensar quanto do seu tempo durante o dia você dedica a estar conectado(a)?

Já dizia o ditado: “Mudam-se os tempos, mudam-se os costumes”. Imaginar um mundo real desconectado das redes parece irreal, né? Mas quando foi a última vez que você largou o celular pra poder ler um livro? Quanto tempo você consegue ficar longe do seu smartphone? As redes sociais são suas amigas ou você é escravo(a) delas!

Esse episódio deveria ser o pontapé inicial para buscarmos respostas pra tudo isso e buscarmos fazer um detox das conexões virtuais e nos conectarmos mais com a terra!

Kim Fontes é assistente social, designer gráfica e geradora de conteúdo no Instagram.

O conteúdo veiculado na sessão Maria Bonita – Espaço Colaborativo é de inteira responsabilidade de seu autor, não representando, necessariamente, o ponto de vista de Retratos e Fatos.

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